FRAGMENTO EXTRAÍDO DE "O LIVRO DE URÂNTIA"
1. A História do Bom
Samaritano
(1809.3) 164:1.1 Naquela noite, um grupo considerável de pessoas reuniu-se em torno de Jesus e dos
dois apóstolos fazendo
perguntas, muitas das quais os apóstolos responderam,
enquanto, sobre outras, o Mestre discorria.
Durante a noite, um certo jurista,
buscando enredar Jesus em uma disputa comprometedora, disse: “Instrutor, eu gostaria de perguntar-te exatamente
o que devo fazer para herdar a vida eterna?”
Jesus respondeu: “O que está escrito na lei e nos profetas; como interpretas
as escrituras?” O jurista, conhecendo
os ensinamentos de Jesus e dos fariseus, respondeu: “Amar ao Senhor Deus, com todo o teu coração, tua alma, tua mente e tua força; e ao teu próximo como a ti mesmo”. Então disse Jesus: “Respondeste certo; se realmente fizeres assim,
essa atitude conduzir-te-á à vida eterna”.
(1809.4) 164:1.2 O advogado, contudo, não havia sido totalmente sincero ao fazer esta
pergunta e, desejando justificar-se e, ao mesmo tempo, esperando embaraçar Jesus, aventurou-se ainda a fazer uma outra pergunta.
Chegando um pouco mais perto do Mestre, ele disse: “Mas, Instrutor, eu gostaria que me dissesses
exatamente quem é o meu próximo”. O advogado, ao fazer
essa pergunta, esperava que, com ela, Jesus caísse na armadilha e fizesse alguma afirmação transgressora da lei judaica, a qual definia o próximo como “os filhos do seu próprio povo”. Os judeus consideravam todos os outros povos
como “cães gentios”. Esse advogado estava um tanto familiarizado com os ensinamentos de Jesus
e, portanto, sabia bem que o Mestre pensava de modo diferente; e, assim, esperava
levá-lo a proferir alguma coisa que pudesse
ser interpretada como um ataque à lei sagrada.
(1810.1) 164:1.3 Contudo, percebendo a intenção do advogado e, em vez de prestar-se à armadilha, Jesus passou a contar aos seus
ouvintes uma história, daquelas que seriam
apreciadas plenamente por qualquer audiência de Jericó.
Disse Jesus: “Um certo homem ia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos de bandidos cruéis que roubaram dele, tomaram a sua roupa, bateram
nele e partiram, deixando-o meio morto. Em breve, por acaso, um sacerdote
passava por aquele caminho e, ao deparar-se com o homem ferido, percebendo a
sua condição lastimável, passou para o outro lado da estrada.
E, de um modo semelhante, também um levita, ao
aproximar-se viu como estava o homem e passou para o outro lado. Pouco depois, um
certo samaritano, viajando para Jericó, deparou-se com esse homem ferido e viu que havia sido roubado e que
bateram nele, então ficou tocado de
compaixão e, indo até ele, colocou-lhe uma bandagem nas feridas junto
com óleo e vinho e, ajeitando o homem na própria montaria, levou-o até um albergue, e cuidou dele. No dia seguinte,
pegou algum dinheiro, entregou-o ao estalajadeiro e disse: ‘Cuida bem do meu amigo e, caso as despesas sejam
maiores, quando eu voltar aqui, te pagarei’. Agora eu te pergunto:
Qual desses três demonstrou ser o próximo do homem que caiu nas mãos dos ladrões?” E, quando o jurista percebeu
que tinha caído na própria cilada, ele respondeu: “Aquele que demonstrou misericórdia para com ele”. E Jesus disse: “Vai e faze do mesmo modo”.
(1810.2) 164:1.4 O jurista havia respondido: “Aquele que demonstrou misericórdia”, para abster- se mesmo de
pronunciar aquela palavra odiosa: samaritano. O jurista foi forçado a dar, ele próprio, a resposta à pergunta: “Quem é o meu próximo?” Resposta esta que Jesus
desejava fosse dada, mas que, se o próprio Jesus tivesse afirmado aquilo, ter-se-ia envolvido diretamente em uma
acusação de heresia. Jesus não apenas conseguiu confundir o jurista desonesto,
como contou aos seus ouvintes uma história que, ao mesmo tempo significava uma bela advertência a todos os seus seguidores, e também, uma reprovação atordoante para todos os judeus, quanto à atitude deles para com os samaritanos. E essa
história tem continuado a estimular o amor
fraterno entre todos aqueles que têm acreditado no
evangelho de Jesus.
PARTES DO LIVRO
PARTE IV
A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS
Documento 164
Página 1690
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