AS DISTRAÇÕES DO MESTRE

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Por Jean Tinder
Editora do Shaumbra Magazine, 
Professora do Círculo Carmesim

Todos nós tivemos momentos de beleza, quando os melhores potenciais flutuam para seu lugar, tudo faz sentido e a vida abunda em graça e facilidade.
Estes momentos são mágicos – a dúvida se foi, a mente está em paz e nosso tão esperado sonho de iluminação parece muito próximo – e nos agarramos à sensação de que tudo (finalmente) está bem com uma grata sensação de alívio.

Desafortunadamente, esta sensação de contentamento cósmico desaparece tão facilmente quanto veio, e tudo isso frequentemente é substituído pelos momentos em que nos sentimos como que desistindo, porque a coisa toda é maldita de difícil.

Algumas vezes eu desejaria poder desligar a sensibilidade que capta o caos, o sofrimento e o medo do mundo; e gostaria de, definitivamente, silenciar a voz sorrateira que sempre desponta, quando pensa que há algo errado comigo. Não importa o quão frequentemente Adamus nos tranquilize, nós ainda temos tempos de nos sentir perdidos, exaustos, desolados, tristes e sobrecarregados.

Queremos que a vida seja fácil. Não gostamos das dores e esforços e da loucura que tanto parecem ser parte desta jornada. Onde fica o botão fácil, afinal?

Há várias razões porque tornamos este processo tão difícil em nós mesmos.
Todos são comuns, mas nenhum deles é necessário.

TORNANDO ISTO REAL

Desde o tempo em que primeiro nós criamos a Terra e tivemos que concordar com os parâmetros desta realidade, determinar o que é ‘real’ tem sido extremamente importante. E, desde então, ir além dos confins de aceitação da realidade, frequentemente tem implicado um custo muito alto.

Antes da Terra, éramos essencialmente livres. Inexperientes, imaturos, ingênuos, sim, mas sem limitação. Espremermos-nos na densidade da matéria trouxe limitações quase insuportáveis, mas também meios bastante efetivos de explorar causa e efeito, escolhas e criação. De fato, logo nós aprendemos que quanto mais difícil a experiência, mais real ela era sentida.

De vez em quando, eu faço estúpidas pequenas coisas que tornam a vida um pouco mais difícil; nada mais tão drástico, mas coisas como errar a programação do despertador ou ignorar o gentil empurrão da intuição.

Ao ser questionada por que eu criei este tipo de cenários, meu Eu me diz que isto tem a ver com minhas velhas crenças: quanto mais duramente eu trabalhe em algo, mais isto é real; quanto mais esforço eu ponha em determinada coisa, mais valiosa ela terá de ser.

Então, quando há um esforço só em respirar e confiar e lembrar meu Eu, pelo menos isto significa que estou ‘chegando lá’, certo? Afinal (diz esta crença), se fosse muito fácil, não teria muito valor. Se não tivesse trabalhado duro, como poderia me lembrar do que aprendi?

Hum, talvez seja hora de reavaliar o valor disso!

TÉDIO

Outra razão para criarmos desafios e distrações é que isso nos dá algo para fazer.

Você sabe como os garotos mais inteligentes na escola frequentemente se metem em problemas porque estão aborrecidos com as lições? Bem... Alô! Da próxima vez que você imaginar porque algum problema irritante pipocou na sua vida, dê uma olhada no espelho! É quase certo que você (provavelmente de forma inconsciente) criou isso de modo a ter algo com que se ocupar e para resolver.

Eu já contei antes a história em que deixei cair as chaves do carro num córrego da montanha e o caos e o pânico que se seguiram ao tentar encontrá-las. Após uma hora de busca na água gelada e de finalmente ligar para a companhia de aluguel de carros (na Áustria) para tentar resolver o problema (eu não falo alemão), eu tive mais do que o suficiente desta pequena aventura.

Ao tomar uma respiração profunda e extrair todo o meu Eu, eu ordenei às chaves que se revelassem por si mesmas. Imediatamente, eu senti uma pequena cutucada de minha consciência, me virei e as vi boiando na água, a apenas um metro de onde caíram.

Eu havia olhado freneticamente por toda a área, inúmeras vezes, por toda a extensão do lago, mas aparentemente eu não estava pronta para a solução do meu pequeno (auto-criado) problema.

E, oh, estava tão orgulhosa de mim mesma – veja que Mestre que eu sou, ordenando às chaves que aparecessem! – até que me dei conta que não é terrivelmente impressionante bagunçar as coisas apenas para consertá-las de novo...

Quantas de nossas questões são diversões auto-criadas?
Talvez, a melhor pergunta seja o quanto teremos que lidar com o ‘tédio’ de tudo indo bem?

Isso vai desafiar a crença de longa data que diz “Se é muito fácil, não é real”; mas não podemos ter isso das duas maneiras.

Ou queremos que seja mais fácil ou não.
Ou absolutamente permitimos ou continuamos remendando.
Ou escolhemos liberdade ou nos mantemos com crenças e limitações.

Não consigo ver nada no meio.

DEIXANDO IR

Em seguida, vêm os sofrimentos mais profundos, que são os mais difíceis de enfrentar. São coisas como se sentir só, desconectado das pessoas que amamos, perder nossa paixão pela vida etc. Quando, enfim, pensamos que estamos finalmente 'chegando lá’, tudo parece parar ou até mesmo ir para trás.

Velhas questões surgem, há mais alguma coisa para liberar e nós imaginamos o que deu errado.
Mas, por favor, lembre-se de algo muito, muito importante: nada deu errado.

O caminho da realização é o caminho da destruição.
Recuperar seu Eu significa perder tudo o que não é você.

Nós estivemos ‘fora’ por muito tempo – conectando, experimentando, amando, odiando – e agora estamos nos voltando para dentro, o que pode de fato parecer que estamos indo para trás. Uma profunda tristeza brota, para a qual não temos explicação ou razão, mas, ainda, nada deu errado. A tristeza é sobre dizer adeus para alegrias e arrependimentos e amores de mil ou mais vidas. Neste portal da iluminação, nada que não seja você passará...

Se este processo será duro ou fácil depende do quanto você tenta segurá-lo.

Sua alma – Você – escolheu este tempo para retornar ao eu e, no maior Amor, Você vai permitir que nada fique no caminho. Tão duro quanto possa ser, isso também traz a mais requintada alegria.

Quando você tiver perdido tudo, quando não houver absolutamente nada que pareça importante, quando se sentir completa e absolutamente só – este é o mais precioso momento de toda sua existência, porque tudo o que ficou é Você, afinal. Quando tudo tiver ido, Você ainda existe. E nesta realização nada mais importa.

Saber que você vai chegar neste momento de despedida, e que ele poderá durar para sempre. Como passar por isso é com você, seja chorando e se apegando a tudo o que deseja manter, ou deixando ir tudo o que você amou e se render com graça e confiança. É com você.

Eu garanto que você sentirá muita coisa e muito disso será desconfortável para o eu humano.
Mas também é uma experiência preciosa, pela qual você jamais passará de novo.

É como crescer e deixar a faculdade. As despedidas são tristes, mas você sabe que é tempo de ir. E mesmo que você volte para uma visita, nada jamais será o mesmo. A melhor coisa que você pode fazer é se permitir sentir tudo, porque, eu prometo a você, na profundidade desta aceitação se esconde a alquimia da transformação.

E, por favor, lembre-se disso: quanto mais tempo sua iluminação for uma meta no horizonte, um prêmio à espera de ser atingido, uma esperança que o faz continuar – aí será exatamente 
onde ela permanecerá, separada de você e fora de alcance.

Esqueça o ‘atingir’ a iluminação, pois você poderá nunca ir longe o suficiente. Abrace seu eu aqui e agora. É tudo o que você tem, é tudo de que precisa e sempre, sempre esteve aqui.

Caro Eu divino, tranquilize seu eu humano quando ele fica solitário, conforte-o na tristeza e lembre-o que tudo está bem.

Querido humano, aceite qualquer experiência que esteja tendo, permita seu Eu amar você; e confie quando ela pede a você para deixar ir. Acredite nisso ou não, este é o botão fácil.

Próximo mês: Distrações Mestras Parte 2 – outras pessoas, questões com o corpo e mais…

Por favor, respeite os créditos ao compartilhar

Tradução: Jana de Paula janadep@gmail.com


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